Quando a família determina o sucesso ou fracasso da terapia de drogas

A dependência química pode ser compreendida como uma doença na qual o indivíduo possui determinado grau de compulsão por determinada substância. Quadro no qual o usuário persiste no consumo da droga mesmo em face das conseqüências extremamente negativas para a pessoa e o paciente busca por formas de resistência que prejudicam a reabilitação. A compreensão destas situações justifica a busca duma perspectiva de eficácia para o tratamento da dependência química. Um objetivo que demanda o conhecimento sobre eventuais fatores que influenciam no sucesso ou fracasso dos cuidados médicos.

O tratamento de um dependente químico demanda a análise dos desejos e vontades, pois o desafio é ir na contramão das individualidades. Se a terapia desta doença se busca o novo enquadramento da pessoa no convívio social, a reinserção deve considerar qual realidade social, regras, crenças e valores desta relação. Como dito, a família é o primeiro e mais imprescindível grupo social que contribui na terapia e reabilitação do paciente. O enquadramento é tão facilitado quanto mais noções de convívio social e referências a padrões comportamentais dentro da família procederem de situações positivas e amorosas.

O que é dito tem como base a observação clínica em mais de trinta anos no tratamento da dependência química que busca a compreensão do verdadeiro papel da família na reabilitação dos pacientes. Se regras e limites definidos com amor pelos membros familiares favorecem a reabilitação, é preciso esclarecer o elemento desfavorável. O retorno ao convívio social e a terapia são prejudicados quando o dependente químico sente certo nível de hostilidade nas manifestações da família quanto a ele. Por exemplo, críticas demasiadas podem frustrar a tentativa de reabilitação.

Existem pais superenvolvidos com os filhos e bem próximos do dia a dia deles. São tipos de família que não deixam passar situações variadas por estarem, de forma geral, atentos e alertas quanto mudanças comportamentais. Por um lado, o excesso da autoridade parental na autonomia ou liberdade pode ser considerado uma invasão de privacidade e do espaço dos filhos. Mas o superenvolvimento, se dosado para situações, de fato, positivas, será a característica emocional que mais contribui para o indivíduo finalizar o tratamento. A experiência clínica demonstra que o grupo de pacientes, quando os familiares apresentam alto grau de superenvolvimento emocional, possui maior índice de adesão ao tratamento

Já a hostilidade pode ser entendida, de maneira simples, como o conjunto de acontecimentos e situações que conduzem uma pessoa a sentir determinado grau de rejeição pela família. Ou mesmo a reação da família demonstra certa crença de que tudo a ser feito de diferente no campo dos cuidados e afetos não surtirá o resultado esperado no tratamento e tampouco mudará o comportamento da pessoa em relação ao uso de drogas. A experiência clínica indica que a hostilidade é significativamente mais freqüente no grupo de pacientes os quais se desligam nos seis primeiros meses de tratamento. Isto porque, na prática, não existe investimento afetivo no ser humano mesmo que a família seja responsável pela internação e arque com os custos do tratamento.

É na família que o paciente obtém os principais exercícios de enquadramento social. A forma como a pessoa lida com os desejos pessoais em face das obrigações familiares determina o melhor ou pior prognóstico de reabilitação. Mas se a família valoriza os sentimentos individuais, acaba por fragilizar o dependente químico. Se o paciente pensa que os relacionamentos dele com os pais e outros familiares se tornou fruto do ódio e da hostilidade, certamente a reação será um sentimento de injustiças e outras dificuldades.

O propósito do tratamento da dependência química não se sintetiza apenas à reabilitação, mas também abrange a busca da compreensão pelo paciente que a vida pode e, sem dúvidas é, melhor sem o uso e abuso de drogas, álcool ou outras substâncias químicas. É por isto que a família sempre terá função primordial para a reabilitação do paciente, especialmente, nas mudanças sociais que ocorrem continuamente e influenciam levam a variáveis de relacionamento entre as pessoas e das pessoas com as situações do dia a dia.

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